Primeira edição do SOMA na Rua promoveu integração artística
Texto: Ricardo Rodrigues / Fotos: André Ávila
Às vésperas de comemorar a Revolução Farroupilha, no dia 20 de setembro, cuja semana reaviva o orgulho do gaúcho por sua história, o grito foi do rock, e o campo, o palco externo da Usina do Gasômetro. No sábado (18), cinco bandas de Porto Alegre e Região Metropolitana movimentaram o público que saiu às ruas em um dia ensolarado. Por meio da integração artística, a primeira edição do SOMA na Rua, iniciativa do Movimento Soma e da produtora Caza Artística, proporcionou não apenas boas apresentações musicais e outras plataformas artísticas, mas reafirmou que a Capital é um importante polo de difusão cultural.
Rock alternativo e pop da Stereofônica
A função começou por volta das 14h com abertura da banda Stereofônica, de Porto Alegre. A mistura de rock alternativo com pop, apresentado por Gil Silva (voz), Rafael Serra (guitarra), Thiago Niger (baixo) e Duran Junior (bateria) atraiu o público para o palco anexo da Usina, localizado de frente para o Guaíba. Formada em 2006, a Stereofônica possui um longo histórico em festivais, e a iniciativa do SOMA na Rua trouxe os músicos de volta para o circuito, conforme explica Gil Silva. “Sempre participamos desses eventos, mas estávamos há algum tempo afastados. Esse ano a banda voltou a fazer festivais”, conta, destacando que a inscrição no 13.º Festival de Música de Porto Alegre já colocou a canção Promessas de Amor entre as selecionadas para a competição.
Letras autorais é a característica da Ballahalls
A Ballahhaus foi a segunda banda a se apresentar. Criada sob a influência de artistas como Rush e Paralamas do Sucesso, o grupo investe forte nos instrumentais e, principalmente, na música autoral. “O mercado para artistas autorais é muito fechado, então oportunidades como essa valem muito para nós”, conta o vocalista Eduardo Vandré, ressaltando que “vivemos em uma geração do “toca Raul’”. Com canções que falam de relacionamentos, a Ballahalls fechou sua participação com uma música dedicada à namorada de Vandré. “É difícil compor letra que fale de amor sem descambar no sertanejo universitário”, brinca o vocalista.
Pólvora, de Canoas para o palco da Usina
Com muita energia, a banda Pólvora, da cidade de Canoas, foi a terceira a ecoar seus acordes de frente ao principal cartão postal de Porto Alegre. Formada em 2005 pelos irmãos Lasier (bateria) e Lúcio Machado (guitarrista) e por Marcelo Nazza (baixo e vocal), a influência principal está no rock dos anos 60 e 70. A banda, que participou do Grito Rock em Esteio, no início deste ano, já abriu shows para bandas como Faichecleres e Júpiter Maçã.
Auditiva, do RJ para Porto Alegre
Na sequência, a Auditiva ligou seu megafone para chamar o público. Formada no Rio de Janeiro, a banda é compota atualmente por Neo (voz), Milton Morales (guitarra), Ricardo Saldanha (baixo) e Igor Pereira (bateria). Ainda na capital fluminense, Neo foi o fundador do movimento Soma, e junto com Grazi Calazans, produtora executiva da banda, trouxeram os mesmos objetivos para terras gaúchas. Segundo Grazi, “queremos colocar a cultura na rua, fazer as coisas acontecerem, movimentar a cena artística independente”. Sobre o evento no Gasômetro, ela enfatizou que “a galera somou mesmo, todo mundo participou. As bandas ajudaram em tudo, inclusive na montagem. Essa é a proposta do SOMA na Rua, e deu certo”.
Durante o show, Neo afirmou que “essa iniciativa é muito importante, que é uma celebração da arte ao ar livre”. Ele enfatizou, ainda, que “foi muito bom ver todos juntando forças, somando, e queremos ver cada vez mais novas possibilidades de trabalhar todas as formas de arte”.
Antíteses do dia a dia compõe as letras da Véspera
O final do evento foi marcado pelo show da banda Véspera, formada pelo jornalista Lucidio Gontan (voz), Marcelo Falcão (guitarra), Vinícius Ferrari (guitarra), Eduardo da Camino (baixo) e Filipe Telles (bateria). As letras que falam sobre antíteses do dia a dia e a pegada forte já renderam bons frutos para essa turma. Depois de quase um ano como banda residente no Art&Bar e de gravar dos discos, a Véspera foi selecionada para abrir o show do Faith No More, que ocorreu em novembro de 2009, no Pepsi on Stage. Gontan contou que “é uma honra poder somar nesse encontro”, e brincou, dizendo que “pegamos o melhor horário, com a mais bela vista do pôr-do-sol na cidade”, finaliza.
Artes integradas
A poesia também teve espaço no evento
Antes da banda Ballahalls subir ao palco, o poeta Paulo Macedônio promoveu a primeira iniciativa de integração artística da tarde, objetivo principal do evento. Integrante do Instituto Cultural Português, o artista fez uma leitura de poetas clássicos de língua portuguesa, entre eles Américo Teixeira Moreira. “O objetivo hoje é fazer um intercâmbio cultural”, disse.
Além de poesia, o SOMA na Rua contou com exposição de arte urbana e performance de um grupo teatral, que trabalhou a linguagem corporal e interatividade com o público. A próxima edição, segundo Grazi Calazans, está programada para ocorrer em dezembro, no parque Marinha do Brasil.
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